segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Ao post em si

Pra quem não sabe, sou professora. Trabalho em bons colégios, graças a Deus. Poderia dizer que foi sorte, mas não acredito simplesmente em sorte... Há o fator competência e Deus. Porque conheço muita gente boa que não está conseguindo o 1º emprego... e o meu 1º emprego foi num dos melhores colégios do RJ e fazendo um trabalho que amo de paixão.

Dou aula pra muito filhinho de papai. E é isso que me assusta e faz - por vezes - que eu tenha vontade de largar tudo. Trabalho com adolescentes em sua maioria - idades que variam de 14 a 20 anos. Impressionante o que há na cabeça desses seres: nada. Isso mesmo. Um grande vazio. Não sabem o que querem, para onde vão e o que vão fazer da vida. Tem noção que o colégio mais caro no qual trabalho é onde há mais delinquentes?

Esse final de semana estava corrigindo provas. Assustador. Porque se fosse um "não-entendimento" da matéria, tudo bem... Há tópicos no Espanhol que são osso duro de roer... Mas na verdade é um total desconhecimento do que faz ali. Tira 3 na prova e continua rindo e brincando, jogando bolinha de papel nos amigos enquanto eu faço a revisão pra prova - onde, teoricamente, ele tem que tirar 11 pra ficar na média...

Tenho certeza. Daqui a 3 anos eles estão espancando empregadas domésticas na Barra ou tacando fogo em mendigo...

E as garotas? O que é aquele comportamento e o vocabulário? São mais experientes do que muita mulher de 30 que eu conheço! Só falam de homem... e de mais homem... e coisas assustadoras. Eu tenho certeza que na minha época nem os garotos falavam o que elas dizem já fazer.

É fácil falar que o que falta é educação no Brasil, emprego e sei lá mais o quê. Porém, esses meninos são classe média-alta. Tem chances de ter tudo na vida e estudarem onde quiserem. E só estão preocupados com o próximo jogo de futebol e em não fazer os trabalhos. Sabe o que é um livro de R$1o0,00? É esse o valor do livro deles. E tem gente que nunca levou pra sala de aula.

É uma falta de estrutura terrível...

Enquanto isso, há também o grupo que veio da escola pública. Já vi muita gente menosprezando tais alunos. O interessante é que o 1º grupo que teve esta bolsa já prestou vestibular ano passado. Muitos conseguiram entrar para as faculdades públicas e tiveram bolsas em ótimas particulares.

Enquanto isso, os filhinhos de papai só pensam em escutar MP3player e dizem que podem estudar na UniverCidade que tá tudo bem... Será que eles pensam que os pais sempre estarão por perto mesmo? Que nunca vão precisar sair dessa Terra do Nunca?

Não estou generalizando. Não mesmo. Até mesmo nas piores turmas há aqueles que se salvam. Entretanto, a tentação de não levar a sério e ficar no grupo da conversa é bem forte.

Isso desanima. E muito. Porque eu sei da capacidade do meu trabalho, me orgulho de não ser uma professora que enche o saco ou deveras caxias. Na verdade, talvez peque pelo excesso de compreensão. Mas uma coisa eu sei: muito mais errados estão os pais desses seres... que já passaram de excesso de compreensão e ficam aplaudindo cada merda que o aluno faz - e ainda acusa ao colégio de não dar os limites necessários.... Será que alguém poderia dizer a esses pais que o limite é algo que vem de casa, assim como a educação?

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