quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Coisas mórbidas

Zuzu, você se lembra daqueles santinhos que distribuíam nas missas de 7ª dia? Bem, se você for católico - acho que é uma prática mórbida dessa religião - sabe do que estou falando. Se não for, deixe-me mostrar:



Então, o tamanho é pequeno, normalmente cabe na palma da mão. Mas, sinceramente, acho um desperdício de dinheiro. E ainda obriga a quem ganha o santinho a ficar guardando o mesmo - porque ninguém quer correr o risco de jogar no lixo e ter uma alma penada no pé. Sei lá, né? Já vi muito filme de terror barato e isso faz com que a minha imaginação seja deveras fértil.

Bem, é mórbido mas é possível guardar no fundo de uma gaveta, já que é pequeno e não ocupa espaço. O problema é que os santinhos evoluíram!

Semana passada cheguei no quarto do Namorado e no mural de fotos, ao lado de pessoas vivas e sorridentes, havia um santinho deste tipo:






Olha, eu respeito a dor dos familiares, respeito o morto. Mas, sinceramente, fazer um santinho 10 X 15, com foto colorida, pra colocar numa moldura é algo que não dá. Pensei que fosse caso isolado a senhora sorridente numa foto com uma montagem de flores vermelhas no fundo, mas não é não.







Aí, a gente pode começar a fazer como a dona Maria Aguimar, né mesmo? E montar uma pasta de papel de cartas de... santinhos de falecidos:


Uma aposentada da cidade de Taiobeiras, a 704 km ao norte de Belo Horizonte (MG), tem um passatempo diferente. Maria Aguimar Dias, conhecida na região como "Creuza do Santinho", coleciona santinhos de pessoas que já morreram.

Ela afirma que iniciou a coleção há 10 anos e possui mais de 200 panfletos com retratos dos mortos na cidade. "Eu recebi a primeira e coloquei dentro de uma pasta. A partir disso, comecei a ajuntar os santinhos", disse.

Segundo ela, o motivo principal do hobby é a saudade que tem de quem já se foi. "De vez em quando eu olho as fotos para matar as saudades," afirmou.

Dentre os santinhos preferidos está os de seus pais. Ela também guarda fotos de pessoas conhecidas em Taiobeiras, como comerciantes e políticos. Mas ela lembra que muitas pessoas que estão na sua coleção são desconhecidas. "Tem muita gente na pasta que eu nunca ouvi falar".

A colecionadora explicou que seu apelido se deve ao marido, o mecânico Gilson Santos, que é chamado de Santinho na cidade. O diminutivo se refere ao sobrenome Santos.

Somado ao fato dela ajuntar santinhos de falecidos, Maria Aguimar então passou a ser conhecida como a Creuza do Santinho. Entretanto, ela não quis dizer de forma alguma o porquê do apelido Creuza. Se limitou a dizer que é por causa de uma tia.

Famosa em Taiobeiras, a aposentada explicou que obtém os santinhos de diversas maneiras. "Geralmente eu consigo na missa de 7º dia. Quando eu não vou à missa eu peço alguém pra pegar ou a própria família me dá."

Creuza disse ainda que muitas pessoas acham a mania diferente, mas ela garante que este tipo de coleção em Taiobeiras não é uma unanimidade dela. "Há outras pessoas que colecionam santinhos aqui. É normal na cidade".

Santinho, o marido, se diverte com a coleção fúnebre. "Eu acho muito interessante e bem diferente. Depois que ela começou a colecionar santinhos, outras pessoas da cidade passaram a ajuntar. Virou uma mania," diz.





A dona Maria ou Creuza, sei lá!, mistura os tipos de Santinhos antigos com os modernos, sem nenhum tipo de preconceito. Será que ela troca os ajuntados repetidos com amigas?





Daí que ela gosta de olhar pros santinhos pra matar saudades dos entes queridos... Mas como tem de desconhecidos - e não dá pra sentir saudades desses - ela deve ficar inventando histórias mirabolantes sobre como foram as vidas deles, de que morreram, etc e etc... (sim, sim... é isso que eu faço quando olho santinhos de mortos que não conheço...)

Mas confesse, Zuzu... Você nunca mais vai implicar com a coleção de latinhas do seu namorado depois disso, né? Aprendeu que sempre tem gente mais louca pelo mundo...


Notícia e imagens (da notícia) retiradas daqui
As demais imagens diretamente do Google.

4 comentários:

  1. E vivam as latas velhas, revistinhas de vampiros, selos antigos e... só não dá pra aturar coleção de camisinhas usadas! De resto, tá valendo tudo! Depois de uma dessa...

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  2. hahahaha
    Vou rir mas é trágico mesmo.
    Detestável.
    Quando meu pai faleceu, as irmãs dele mandaram fazer isso. Coisa de povo católico fervoroso. Sabe de uma coisa? Nem eu quiz isso comigo. Fora!
    detestável mesmo!
    beijos

    e um happy new year guriaaa!

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  3. credo, at´q panfleto de políticos ru jah colecionei, mas isso ae não quero não!!

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  4. Gente, tem mesmo gosto pra tudo nesse mundo, hein? Coleção de latinhas é coisa do passado! Aliás, pensando bem, coleção de santinho de defunto é que é coisa de passado... Quando meu pai faleceu, não quisemos fazer nada nesse estilo, mas teve gente na família achando que devia ter alguma coisa. Então fizemos um marcador de livro (ele adorava ler) muito legal, com uma quadrinha do Mário Quintana. Quem lia, entendia tudo na hora, mas pelo menos ficou uma coisa mais leve, que não se associa com morte ou coisa parecida. Sei de gente que em o marcador até hoje, porque ficou mesmo muito bacana.
    Ótimo 2010 pra ti, guapa!
    besos
    Mônica

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