domingo, 8 de novembro de 2009

Gastroplastia – ela fez (e me ajudou a perceber que não era um bicho de sete cabeças... =] )


Zuzu, sei que tem um monte de gente que tem várias dúvidas sobre a gastroplastia, etc. e tal. Eu também as tinha. Na verdade, ainda tem certas coisas que eu não sei direito, exames de sangue que eu não sei para que servem (e dá-lhe encher a caixa de e-mail da minha médica...), reações que acontecem e descobertas sem fim....

Então, eu selecionei alguns blogueiros que me foram de grande valia no processo pós-operatório para fazer uma pequena entrevista com eles. Não vou estragar a surpresa e dizer quem são todos de uma vez... rsrs... E as entrevistas vão ser postadas aqui no Dipirona na ordem que me foram respondidas. Olha, foi um suplício para chegar a essa decisão! Sério. Porque quem me respondeu foram pessoas muito queridas... E, por mim, colocaria todo mundo junto. Mas aí ninguém leria tudo com a devida atenção, né?

Então, vamos lá.

A entrevista de estreia é da Fabíola, lá do Bittersweet’s World. Tenho preferências por blogs que falam gastroplastia como o da Bi – ‘tá lá o tema, ela o aborda, mas não vive em função disso. O blog tem de tudo um pouco e mostra que sim, podemos viver felizes e contentes depois da cirurgia sem que isso vire a nossa igreja. Não, ela não fala só de dieta. Não, ela não come só saladinhas. E é recorrente uma frase que ela usa e que é o que defendo também: “eu como de tudo, mas não tudo”.

Enxaqueca: Quando você decidiu fazer a cirurgia bariátrica?

Fabíola: Comecei a brigar com a balança na adolescência, apesar de eu ter sido uma criança magra e atlética. Por recomendação médica comecei a praticar natação ao mesmo tempo em que dei meus primeiros passos, sou asmática desde bebê e a natação era um esporte bastante recomendado para crianças com o mesmo problema que eu tinha. Todavia, por volta dos meus 14 anos, tudo começou a mudar. Foi nessa época que minha mãe adoeceu e eu passei a me dedicar mais a ela, decidi então largar a piscina. Até então eu tinha apenas sobrepeso, mas com o falecimento da minha mãe, três anos depois, eu conheci a tão temida obesidade. A cada nova crise de asma eu recebia uma nova receita médica com os mesmos remédios de sempre prescritos: os corticóides, que, aliados ao meu sedentarismo, contribuíram para que eu engordasse mais de 30kg em poucos anos. Com 25 anos eu já estava pesando mais de 100kg e tomando remédios para o controle da glicemia, foi quando eu li pela primeira vez sobre a gastroplastia. Procurei o meu médico pouco tempo depois, fui aconselhada por ele a tentar dieta com acompanhamento endocrinológico mais uma vez, mas o tratamento falhou, foi aí que a cirurgia de redução de estômago foi realmente cogitada pela primeira vez, tanto por mim e por meus médicos.

Enxaqueca: Qual era o maior problema que a obesidade te trazia?

Fabíola: Aos 26 anos, eu já era obesa mórbida, diabética, hipertensa e com uma considerável esteatose hepática, fora a depressão, não é? O que torna a vida assustadora, de certa forma.

Enxaqueca: Você era da dieta, do remédio, ou um daqueles gordinhos que dizia que fazia academia, mas que na verdade só ficava na janela falando mal da roupa dos outros?

Fabíola: Da dieta, do remédio, da academia de verdade! Era esportista e fui até os 25 anos, mesmo que parando várias vezes, eu sempre nadei muito e me exercitei, mas nenhum tratamento funcionou comigo a longo prazo.

Enxaqueca: Qual foi o maior constrangimento que você passou por ser obesa mórbida?

Fabíola: Hoje em dia eu vejo que a cirurgia em si não foi tão difícil comparada a tudo o que eu já passei por conta da obesidade. As pessoas têm muito preconceito sobre isso... Eu lembro que certa vez encontrei uma prima minha, em um enterro de um tio nosso, e ela me disse: “nossa como você está imensa!” e fez àquela cara de desdém, eu respondi a ela que aquilo não era problema dela, e sim meu e ela retrucou, “eu falo isso para que você tenha vergonha na cara!”. Acho que ela, e muitas outras pessoas, nunca entenderam que apesar de eu estar gorda eu vivia de dieta, é engraçado, mas o gordo engorda! Eu poderia estar obesa, mas não comia tudo o que queria, se eu comesse iria engordar mais ainda. Entretanto, apesar de tudo isso, o que me levou mesmo a cirurgia foi a minha saúde e a qualidade de vida que estavam muito prejudicas por conta da obesidade. Então me vi fazendo uma longa pesquisa sobre a gastroplastia e aos poucos convenci a meu pai que aquilo era o melhor pra mim, e em 14 de novembro de 2008, aos 28 anos, me submeti à cirurgia de redução de estômago bypass gástrico, por videolaparoscopia, sem anel.

Enxaqueca: Você contou para os seus amigos e família que iria operar? Recebeu apoio de todos?

Fabíola: Contei sim!!! Muitos diziam para eu não fazer porque ia ficar pelancuda, que tentasse regime mais uma vez. Meu Pai tinha medo que eu morresse na sala de cirurgia, mas quando eu me convenci que era o melhor pra mim e os outros notaram essa segurança em mim tudo mudou. Todos aceitaram da melhor forma e me apoiaram, mas eu tive que me convencer que era o melhor pra mim sozinha, no inicio não tive apoio de muitas pessoas, só do meu noivo mesmo e de raras amigas.

Enxaqueca: Sempre tem um monte de gente que não sabe absolutamente nada sobre a cirurgia e que acha que é o dono da verdade. E o pior é que esses seres sempre vão querer dar palpite em coisas que não foram perguntados. Isso aconteceu com você? Qual já foi a maior asneira que já te falaram sobre a cirurgia?


Fabíola: Outro dia me perguntaram se eu fiz por “tela” ou anel. Bem, como eu não fiz por anel, devo ter feito por “tela”, não é?! (risos) Sinceramente, não sei o que a pessoa quis dizer com isso até hoje. Fora que eu estava no consultório médico do meu cirurgião com meu noivo semana passada – ele também é operado, mas só tem um mês de cirurgia – e uma menina que vai operar ainda esse mês soltou essa: “Mas ele (e apontando pro meu noivo) fez bariátrica, você fez redução de estômago...” Eu respondi que os dois tinham feito a cirurgia bariátrica e que redução de estomago ou gastroplastia apenas são sinônimos pra mesma cirurgia. É lamentável o nível de informação das pessoas, até mesmo dos que querem se submeter a cirurgia.

Enxaqueca: Todo mundo sabe que para fazer a cirurgia temos que fazer milhões de exames. Destes, qual foi o pior para você? Por quê?

Fabíola: O pior foi a endoscopia, que normalmente as pessoas adoram porque tomam lá o “boa noite Cinderela” e nada vêem. Mas a analgesia não pegou comigo e eu vi tudo!

Enxaqueca: Qual era o seu maior medo antes da cirurgia?

Fabíola: Morrer, morrer e morrer! Cheguei a fazer uma carta dizendo que se algo acontecesse comigo a vida deveria continuar pra todos. O medo de morrer foi forte, mas o de ficar obesa pro resto da vida e doente foi maior.

Enxaqueca: Como foi chegar ao centro cirúrgico? O que você sentiu?

Fabíola: Eu cheguei ao centro cirúrgico acordada, porque mais uma vez a pré-analgesia não pegou, sou meio dura na queda, mas confesso que foi divertido. Os enfermeiros foram legais, tirei um sarro enorme do meu cirurgião quando o vi com aquelas roupinhas de bloco cirúrgico dizendo que ele parecia que estava de abada de carnaval, até toquinha tinha! Mas ele que perde o amigo e mas não perde a piada revidou: “Ah, mas é você que vai fica pelada!”

Enxaqueca: E depois da cirurgia? As primeiras horas no CTI?

Fabíola: A minha cirurgia foi muito longa, demorou o dobro do esperado porque o meu fígado atrapalhou muito a visualização de tudo lá dentro, ele estava com o dobro do tamanho normal por conta dos depósitos de gordura. Eu sei que sai do apartamento as 13hrs e voltei as 23hrs, sendo 5hrs no bloco e o restante no CTI. Acordei com dor, mas o pior foi notar que o soro estava instalado na minha jugular. Como a cirurgia demorou muito meu médico preferiu pegar um acesso calibroso, mas que é desconfortável é.

Enxaqueca: Como foi a cirurgia? Qual o procedimento adotado? Quando foi?

Fabíola: Hoje em dia eu vejo que a cirurgia em si não foi tão difícil comparada a tudo o que eu já passei por conta da obesidade. Em 14 de novembro de 2008, aos 28 anos, me submeti à cirurgia de redução de estômago bypass gástrico, por videolaparoscopia, sem anel.


Enxaqueca: Qual foi o período mais difícil em todo o processo? O que você considera a grande dificuldade para o paciente?

Fabíola: Às vezes o que é mais penoso para um paciente não é para outro, eu, por exemplo, não sentia necessidade de mastigar coisas, ao contrário de muitos outros pacientes, mas eu enjoava muito rápido dos alimentos, então a fase da dieta líquida foi bem complicada por ela ser longa e não ter muito diversidade de alimentos, mas segui totalmente a risca, contudo até hoje não consigo nem olhar para sorvetes ou sopas!

Enxaqueca: Pela resposta anterior, vejo que você foi um exemplo na dieta líquida. Mas chega uma hora que a gente quer meio que “sair dos trilhos”. Então, seja sincera e conte: qual foi a coisa mais errada que você fez depois da cirurgia?

Fabíola: Eu segui certinha até os dois meses, porque minha nutricionista não nos deixa comer nada pastoso no primeiro mês e sólido, comida normal mesmo, só depois dos dois meses de operado. Nessa fase de recuperação eu não fiz nada, nadinha de errado. Mas hoje me permito a comer de tudo, mas não tudo! Eu peso meus pratos – eles têm que dar sempre por volta dos 250grs – e controlo meu peso. Salvo os dias de TPM não me permito engordar mais de 1kg, se engordei corto chocolates, sobremesas e tudo mais, coisas que no geral, continuo a comer, em escala bem menor, mas continuo.

Enxaqueca: Os médicos e nutricionistas sempre batem na tecla de que temos que mudar “os nossos hábitos alimentares” depois da cirurgia. Eu, particularmente, acho que devemos mudar nossos hábitos em geral. Só pensar no lado alimentício é muito pouco. Considerando isso, você mudou os seus hábitos depois da cirurgia?

Fabíola: Mudei sim! Como bem mais saladas, verduras que antes. E a ingestão de massas, como pão, diminuiu drasticamente. Agora quando se fala em exercícios físicos eu tento evitar a fadiga... Brincadeira, quanto à fadiga, mas realmente ainda não consegui voltar ao esporte. Eu sei que gordo e ex-gordo sempre arranjam desculpas pra não malhar, mas o fato é que as minhas são reais: casa, monografia, noivo operado e totalmente dependente de mim ocupam todo meu tempo!

Enxaqueca: As suas projeções do “antes da cirurgia” se tornaram realidade “depois da cirurgia”?

Fabíola: Tornaram-se bem mais do que realidade. Eu JAMAIS nem em meus melhores sonhos iria imaginar que iria vestir 38, coisa que não me lembro de ter vestido um dia, ou que tudo ia voltar para o lugar sem ficar flácida. Pra mim, foi milagre!

5 comentários:

  1. Não é que senti saudades desse post?!
    Pena que o Haloscan foi embora e levou os comentários com ele :)

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  2. Estou impressionada com tua vitoria..realmente vc merece.
    Parabens
    Gostaria d esaber se vc passou por cirurgia plástica após a gastroplastia. sei que geralmente é necessário.. e vc? por favor mande email.. nyce.bnt@hotmail.com

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  3. Vou fazer em alguns dias não vejo a hora

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  4. Vou pra minha primeira consulta em alguns dias. Estou ansiosa demais e por isso procurei blogs que me ajudassem a ficar mais calma. Adorei a materia.

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