sábado, 8 de março de 2008

Porque eu não celebro o 8 de março.

Eu me propus fazer um post no dia 8 de março, instituído o dia da Mulher.
Coisa complexa para a minha pessoa, e só me dou conta disso nesse momento. Porque eu não sou feminista, acho que nunca fui. Acho muito legal essa coisa de ser dondoca e ficar dentro de casa, de ter alguém pra fazer tudo por mim e me paparicar, não ter que gastar meu rico tempo trabalhando para me sustentar. Sim, eu queria ser sustentada e ponto final. Que o trabalho fosse hobby.

Isso é coisa de mulherzinha?
Não acho que seja, mas acho que vai contra esse feminismo pregado por aí. E que acabou com a mulher, por assim dizer. Porque depois que se queimaram sutiãs, as mulheres passaram a ser reconhecidas como seres pensantes que podem votar... E meio que ficou nisso, sabe? Porque muitas continuam ganhando menos que os homens, são elas que têm que cuidar da casa, dos filhos, dos maridos, das compras do supermercado e ainda têm que dividir despesas da casa. Ei, peraê. Cadê igualdade? Isso é igualdade? Chegar em casa e ainda ter que se preocuparse as coisas estão em ordem, se as contas foram pagas, se o filho foi suspenso do colégio...? Porque só chegam até os homens tais problemas quando nós, mulheres, não damos conta. E ainda se corre o risco de ouvir um “isso é problema de mulher”. Pois é. Continua existindo “problemas de mulher” mas, por causa do feminismo torto que se propagou por aí, não há mais “responsabilidade dos homens”.

É igual bater punho fechado em ponta de faca. Porque nós não somos iguais. Simplesmente isso. Há que se encarar a realidade de frente para que possamos transformá-la – ou adequá-la, pelo menos – ao que queremos.

Dizer que foi por causa da revolução na década de 60 que as mulheres passaram a ter “direitos” acho que é exagero. Queimar sutiãs foi legal... Mas eles continuam sendo usados em todo o mundo, o que indica que a peça não é mesmo um estigma de tortura. Eu teria outros nomenclaturas interessantes para ele... Mas tudo bem, não faz parte da idéia central do post.

Desculpa, mas eu realmente não vejo “vitória feminina” em uma mulher dirigindo um ônibus. Eu vejo é um desrespeito às mulheres, isso sim. Porque é um trabalho duro, cruel, estressante e arriscado, ao qual uma mulher não deveria ter que ser sujeitar. Ah, sim. Na verdade, acho que o trabalho em si deveria ser reavaliado, porque é desumano alguém ter que ficar até 12 horas dirigindo algo tão incômodo e com salários tão baixos. É uma derrota da espécie homo sapiens, isso sim.

A revolução feminina não aconteceu. O que há é uma adequação a realidade do mundo atual – porque as mulheres estudam mais, portanto são mais preparadas, por isso estão conseguindo chegar em postos superiores nas empresas, entretanto isso não diz que elas têm os mesmos direitos e deveres – afinal das contas, continuam tendo que tocar a casa, cuidar dos filhos, marcar consultas médicas, fazer lista de compras e contratar empregadas.

O que eu defendo?
Alguém para me sustentar, isso sim. Alguém que pague as minhas idas ao salão de beleza, meus cremes, meus sutiãs e meus luxos. E que para isso eu não tenha que me matar no trabalho por 10 horas, mais duas horas no trânsito e ainda ter que chegar em casa e descobrir que não tem nada na geladeira, que a empregada faltou e o marido ainda não chegou porque estava muito estressado e foi beber com os amigos.

Éramos felizes e não sabíamos?
Não sei, eu não tenho esse saudosismo. Só acredito que deturparam tudo.

E mais uma vez reafirmo, não quero igualdade. Eu não quero ser considerada capaz de discutir futebol, não quero ser considerada capaz de dirigir como um homem, não quero ter a oportunidade de fazer os mesmos trabalhos que os homens. Por simples motivos: não gosto de futebol (e há homens que também não gostam, então não ligue isso ao meu sexo, por favor); quero dirigir como eu dirijo e ponto final – e, acreditem, há homens que dirigem mal pra kct e mulheres que dirigem maravilhosamente bem; e não, decididamente eu não quero fazer trabalhos de homens – porque eu não nasci pra levantar prédios e dirigir ônibus, assim como não nasci para cozinhar.

Não acredito na igualdade dos sexos.
Acredito – e defendo – nas diferenças e no respeito pelas escolhas.
E se em algum momento vemos (ou sofremos) por causa das diferenças, por causa das escolhas, das opções, temos que nos rebelar, denunciar, fazer valer os nossos direitos. Não como mulheres, não como gays ou gordos ou negros e sim como pessoas que merecem respeito. Não há que se anular os se diminuir a um esteriótipo. Isso é o primeiro passo para se menosprezar, acreditar que o mal que nos acontece é por causa da condição que a sociedade nos impõe. É isso que tem que vir abaixo.

E é isso que prego.
É isso que celebro.

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