terça-feira, 3 de junho de 2008

Quanto vale ou é por quilo?

Alguém ainda não sabe que sou professora?
Pois é, eu o sou.
Gosto do que faço mas realmente não indico pra ninguém. Precisa-se muita coisa e são poucas as pessoas que conseguem todos os requisitos. Não, eu não os tenho todos. Trabalho duro para compensar várias falhas. E gosto do que faço. E ganho o suficiente. E trabalho em horários interessantes. E mesmo assim me estressa. Imagina alguém que não consiga o mínimo disso, como se sentirá? Então, realmente, não recomendo a carreira para ninguém.

Porém, há aqueles que realmente querem abraçar o magistério. Pois que o seja. Com todos os problemas que a cercam, ainda recomendo a UERJ para essa busca. Assim como a UFRJ. Não conheço a UFF e tenho os dois pés bem atrás com certas particulares. Tipo, não faça. E, sejamos bem francos, quem, em SÃ CONSCIÊNCIA vai fazer LETRAS numa faculdade particular? Se é pra ser particular, faça, sei lá, Administração, Direito, Contabilidade. LETRAS, não! Não no RJ. Tá feio o negócio por aqui.

E eu tenho o que reclamar da UERJ. Acho que todo mundo sempre tem alguma coisa pra reclamar da faculdade. Seja de professores, avaliações, isntalações. Enfim, que o seja. Entretanto, eu não acho justo jogar em cima da faculdade e dos docentes a culpa por falhas na nossa formação porque não corremos atrás.

A idéia da Faculdade séria é que o aluno busque o conhecimento, que ele saiba formular o seu pensamento. Quem quer tudo mastigado vá para as faculdades da esquina, não me aporte na UERJ, por favor.

Estou sim, de certa forma, revoltada com algumas coisas que tenho visto por aqui. Pois é, quem não sabe também, eu dou aula no CAp-UERJ. E tenho escutado alguns discursos de estagiários que estão me assustando. Não que o ensino seja perfeito, nunca o é. Não que os professores da casa não possam ter defeitos. Claro que os têm. Mas, repito, essa coisa de meter a culpa em terceiros, em culpar a grade pelo déficit de aprendizagem e não a si mesmo por não querer colocar a bunda na cadeira e estudar em casa, é algo que não aceito.

Há que se perder essa idéia de que faculdade tem que dar tudo de mão beijada, que tudo se aprende dentro da sala de aula. Na verdade, aprendemos a base. E ponto final. Não se aprende espanhol na faculdade. Não é isso que temos que ver lá. Não dá pra querer aprender coisas que em qualquer C.C.A.A. da vida se aprende. Se quer aprender só a língua, fica aí nos cursos livres mesmo. Não pegue a vaga de alguém que, sei lá o porquê, quer ser professor.

Ver tanto despreparo no final, ver que não se aproveitou nada dos milênios que esteve como alunos e que tudo que se quer é arrumar confusão, é algo muito deprimente, muito triste.

Não sou a melhor professora que existe no colégio, tampouco fui a melhor estagiária que passou pelo colégio, nem passo meus finais de semana enfurnada em casa estudando - na verdade, tudo que eu puder deixar para a véspera, eu deixo! Só que eu quis crescer, eu quis continuar como professora. E para isso eu me preparei, eu sofri, eu pensei em suicídio... rsrs... Mas não fiquei sentada dizendo que a culpa é do sistema pelo meu espanhol não ser perfeito... Eu corri atrás, eu vi filmes, eu comprei livros, eu pesquisei, eu escutei, eu resumi, eu trabalhei, eu pratiquei, eu comi o pão que o diabo amassou. Mas cá estou eu.

E não aguento mais escutar tanta reclamação, tanta garganta, tanta gente se achando "o fodão" quando o que faz é um trabalho meia-boca e diz que foi assim que aprendeu. Me poupe, me poupe.

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