quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cansaço

Se você realmente acha que eu sou uma pessoa fútil, sem problemas, feliz e contente, por favor, não leia o post.

A superficialidade me cai muito bem.


 

Me sobe a cabeça, me joga no chão.
É quase desespero de estimação.
Pergunto a mim mesmo porque é assim.
Igual pra todo mundo mas dói bem mais em mim.


 

    Eu tenho 30 anos. Mal completados, bem da verdade. Eu tenho 30 anos, uma família maluca, mas nada ao extremo, nunca passei fome (muito pelo contrário), sempre estudei em uma boa escola e depois em uma ótima universidade. Nunca tive problemas sérios financeiros, nunca me faltou nada.

    Tive meus amores, meus dissabores. Minhas dúvidas, minhas confusões. Nada que não fosse o que todo mundo tem, muito menos estresse que certas pessoas sem sombra de dúvida têm. Então, me pergunto, qual é o meu problema realmente? De onde vem essa sensação de estar errada no mundo, de me faltar algo, de achar que o mundo conspira contra mim e que tudo na minha vida sempre dá errado?

    Eu sei. Eu tenho um dedo podre. Não são os 5. Talvez sejam 2. Mas eu tenho uma tendência a alto-sabotagem. Eu me fodo sozinha. Eu crio os meus problemas. Só queria saber o porquê. O que me faltou, o que me sobrou, como é que eu perdi esse não sei muito bem o quê.

    Não sei se é a entrada na casa dos 30. Eu não sei se é a relógio-biológico dizendo (gritando) alguma coisa que eu não quero escutar e por isso finjo que não entendo. Só sei que estou cansada. Cansada de acreditar piamente que eu quero muito alguma coisa... E depois descobrir que não era tanto assim, que, na verdade, eu lutei/briguei/sofri por causa alheia, que nem me interessa tanto assim.

    Estou cansada de acabar – no fundo, no fundo, nem tão no fundo assim – colocando a culpa em terceiros. Não é assim, eu sei disso também.

    Mas também estou cansada de tanta cobrança, de gente dando pitacos, de gente que acha que realmente me conhece... Acha tanto e eu faço tanta merda que vou acabar achando que quem não me conhece sou eu mesma.

    Bem, o caso é que cá estou, reavaliando tudo, repensando em tudo. Torcendo para não ser uma daquelas que surtam quando chegam aos 30 – que surtam MESMO. Não é eufemismo.

    O caso é que vejo que tem tanta coisa que eu queria ter feito e ainda não fiz... E por vezes acho que não vou conseguir fazer. Porque não tenho, digamos, o empenho suficiente. Porque isso me falta.     Me falta aquela energia de encarar as coisas, de ir atrás. Porque estou cansada. Porque parece que eu resolvi desistir. De tudo e de todos. E eu encabeço a lista. Triste, isso, eu sei.

    Ao mesmo tempo que todo esse furacão negro toma conta, eu fico considerando que não, nem tudo é tão ruim assim. E lá vou eu pra montanha-russa de novo... Começo o dia bem, muito bem. Ou mal, muito mal. Mas isso pode mudar completamente durante o dia. Ou melhorar. Ou piorar.

    Todo final de ano, confesso, eu fico assim. E ano passado foi foda, foi quando comecei a descer a ladeira, tomei uma rasteira que não esperava. Por isso, colocando na balança, acho que 2008 não vai deixar saudades. Vai deixar aprendizados, muitos. Passou tão rápido que nem acredito que já está no fim. Esse fim dolorido, cansado, difícil de sair. E eu estou muito cansada dele. Porque eu tinha muitos, muitos planos. Muitas, muitas metas. E eu posso dizer que eu, sozinha, sem ajuda, numa cena só minha, consegui estragar coisas bem legais. Ok. Não vou querer o crédito todo pra mim... Houve coisas que fugiram a minha alçada. Mas eu sempre defendo isso – e acho que, de coração, é bem verdade – tudo que nos acontece é 95% nossa culpa, pura e simples. As escolhas são, em sua maioria, nossas. Esses 5% que ficam é o acaso, os outros, aquilo que realmente nos escapa entre os dedos.


 

Mas sim, eu estou cansada. Muito cansada.

Cansada de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário