E o Rio de Janeiro continua lindo...

Estava vendo alguns vídeos do jornal O Globo e é muito estranho ver ruas por onde já passei, lugares por onde já me perdi, sendo transformados em palco de guerra. Porque sei que é lugar onde há um monte de crianças, famílias e mais um bando de gente que não tem nada a ver com o tráfico.

Então, mais estranho me é, sair do subúrbio carioca às 6:00h da manhã e não ver nenhum carro de polícia, as pessoas com cara de assustadas nos pontos, esperando por ônibus que não vem e carros não parando em sinal algum e ter que engolir a história do "policiamento em todas as ruas". Não, não em tooooodas, toooodas... Porque por aqui, nada. Nem nos colégios.OK. Eu entendo que estão todos nas "zonas de conflito"... Mas ali depois do túnel, no Jardim Botânico, a cada 50 metros, havia um carro de polícia. Alguém, por favor, me explica? Os ricos são mais importantes que os pobres? O túnel realmente nos leva a um universo paralelo? Porque no Jardim Botânico nós não estamos no meio da "guerra", como é aqui, do lado de Madureira, de Cavalcanti, Penha e adjacências, e o povo tem que seguir uma estranha rotina, onde o direito de ir e vir vai pro saco e as pessoas não estão preocupadas simplesmente com o showzinho do final de semana que foi cancelado e sim se podem ir ali comprar pão com segurança.

Olha, eu não gosto muito de falar sobre o que é certo ou errado, se as UPPs são válidas ou não, se o Rio de Janeiro tem jeito e essas coisinhas que acabam sendo discussão sobre o sexo dos anjos. Porque quando você entra nessa, acaba escutando barbaridades do tipo "tem que jogar uma bomba e destruir tudo", "tem que legalizar a maconha" ou "a culpa é do governo". Essas frases fazem o meu sangue congelar e eu esquecer que não posso rir com deboche na frente de qualquer um.

Entretanto, não é porque não falo que não tenho uma opinião formada... Claro que tenho. E sempre acreditei que essa historinha de que "é possível acabar com o tráfico sem derramar sangue" é balela. Não tem como. Traficante é tudo criança que não cresceu, que não amadureceu - por diversos fatores. Então, partindo disso,  a gente já se depara com o problema de que criança não mede consequências para ter o que quer e não gosta de escutar não. Imagina uma criança com um berro na mão. Perdeu, playboy. 

Só acho que, realmente, não dá pra dar uma de Capitão Nascimento e sair metendo o pé na porta da casa de cidadão comum e querendo colaboração. Não é assim que se brinca. Tem que saber dosar - não tratar como bicho mas tampouco pensar que é simplesmente um morador e não sabe de nada. Porque todo mundo sabe, quem está ali sabe. Então, trate-o com respeito, dê condições, que tudo se acerta. 

Porém, caro Capitão Nascimento está muito certo quando no meio de um confronto acaba com o problema de forma direta e objetiva - desculpem-me os Direitos Humanos de plantão, porém se alguém puxa uma arma e ameaça os demais, mata os demais, abriu mão de ser considerado humano e tem que ir pro saco mesmo. Na guerra é assim - matar ou morrer. Não há espaço para perguntas. Não tem essa de levar preso. Não, não tem chance, já escolheu o seu lado. Os dados estão lançados. Nesse momento, dá vontade de mandar tomar no cu quem diz que o coitadinho "é vítima do sistema". Pois é, o sistema não me engoliu e não engoliu mais um montão de gente, então, se o cara se perdeu, vai ser engolido pelo sistema é agora.  

As imagens são todas do jornal O Globo.